Esse texto é uma visão simplista sobre os
verdadeiros valores da mulher, talvez por ter sido escrito por
mim, que sou homem, se fosse escrito por uma mulher seria mais
bem representado com certeza, mas independente de quem tenha
escrito, há que se buscar um sentido de despertar dos leitores
para esse tema tão importante.
Durante a recente história da humanidade muitas
mulheres se sacrificaram para que a mulher pudesse conquistar os
seus direitos, então recordemos aqui daquelas que morreram no
dia 8 de março de 1857. Na ocasião essas mulheres recebiam menos
que 1/3 do que os homens, além de trabalharem 16 horas por dia -
essa luta custou a vida de 130 mulheres que morreram queimadas
após ocuparem e serem trancadas na fábrica onde trabalhavam,
simplesmente porque estavam lutando por melhores condições de
trabalho. O resultado desse sacrifício foi o desencadeamento de
acontecimentos posteriores que possibilitaram a escolha daquele
evento para que representasse o Dia Internacional da Mulher.
Muitas frases no meu ponto de vista são
extremamente machistas e não representam os valores da mulher e
são ditas com propriedade como se algo importante estivesse
sendo dito. Dentre essas frases eu escolhi uma: “Atrás de um
grande homem, sempre há uma grande mulher”. Essa frase não
corrobora com os anseios da mulher, pois a coloca à sombra dos
homens. Em um momento em que todos buscam a igualdade, é mais
apropriado dizer que ao lado e não atrás de um grande homem há
uma grande mulher. As mulheres não precisam de ninguém à sua
frente atravancando o seu desenvolvimento e crescimento pessoal,
por esta razão vamos fazer justiça e mudar a frase para:
“Ao lado de um grande homem, sempre há uma grande mulher”.
Atualmente as mulheres estudam mais do que os
homens fato que deveria conferir a elas maior reconhecimento e
igualdade salarial, mas isso infelizmente não acontece para
todas. Vivemos em um mundo que embora haja leis que as protejam
da discriminação e violência, pouco tem mudado.
Alguns estudos realizados tanto por institutos
brasileiros como aqueles coordenados pela
OIT - Organização Internacional do Trabalho
apontam taxas de desemprego menores para os homens do que
para as mulheres economicamente ativas, ficando caracterizado
que os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de
trabalho são sempre maiores e que a discriminação por gênero
ainda é grande no país. Corrigir essas assimetrias é necessário,
pois só assim as mulheres terão mais acesso ao emprego e justiça
social.
Alguns homens não aprenderam ainda a trabalhar ao
lado de mulheres porque receberam como herança do lado masculino
da família uma visão arcaica onde a mulher é vista como mãe ou
esposa e que somente será feliz se exercer esse papel em toda a
sua plenitude. O que nós homens estamos percebendo somente agora
é que a mulher deseja mais do que ser uma simples dona de casa,
aliás, função que ela continua a exercer mesmo trabalhando fora.
Felizmente esses pensamentos e mitos estão se desfazendo aos
poucos e projetando a mulher como força de trabalho extremamente
eficiente.
Donas de um apurado senso crítico, bom gosto e
detalhistas, as mulheres têm galgado postos de trabalho que
outrora eram ocupados apenas por homens, que já começaram a
reconhecer a importância delas em algumas funções cruciais na
empresa. Algumas linhas de produção e controle de qualidade, só
trabalham mulheres devido a sensibilidade com que conseguem
descobrir defeitos nos produtos. As mulheres também já encontram
espaço na política, como empresárias ou executivas no comando de
grandes, médias e pequenas empresas, além de diversos segmentos
sócioeconômicos, onde demonstram toda a sua competitividade,
generosidade e competência.
Um segmento em especial não só percebeu como
começou a prestar mais atenção nas opiniões femininas, como é o
caso das montadoras de automóveis que melhoraram os seus
produtos com base em pesquisas feitas com mulheres. A pesquisa
indicou que na decisão da compra do carro da família, a opinião
da mulher tem muita influência. Em face da relevância dessas
opiniões, algumas inovações foram adequadas ao gosto feminino,
como por exemplo, mais porta objetos, ergonomia, espelhos
extras, menor consumo de combustíveis, novos tecidos para os
bancos, cores, enfim toda sorte de mudanças internas e externas
que possam auxiliar e tornar a vida delas mais práticas e
seguras.
Toda essa mudança de comportamentos e conquistas
também teve um preço, há muitos casos em que a mulher passou a
chefiar o seu núcleo familiar sendo a maior ou até mesmo a única
fonte de renda da família. O fato de acumularem os afazeres
domésticos com o trabalho fora de casa certamente afeta a saúde
da mulher e um dado vem chamando a atenção, as mulheres estão mais
estressadas
e passaram a ter mais doenças cardíacas, insônia e a adquirir
alguns vícios como o fumo
e o álcool,
problemas que até então estavam restritos em sua maioria no
universo masculino.
Essas doenças e os hábitos adquiridos, talvez
tenham uma conexão com essa nova realidade da mulher, que se
sentem mais independentes podendo fazer coisas que antes eram no
mínimo questionáveis pela sociedade. A independência feminina
também trouxe maior pressão e cobranças, lançando sobre as
mulheres olhares desconfiados, como se elas estivessem ocupando
lugares que não deveriam. Isso prejudica as mulheres no seu dia
a dia, refletindo na sua saúde e bem estar.
Se a diferença entre homem e mulher é apenas
anatômica então o que nós precisamos fazer é uma espécie de
engenharia reversa, uma desconstrução de pensamentos antigos e
ultrapassados para que sejam novamente moldados e reconstruídos,
despojando todo o nosso olhar preconceituoso e aceitando as
mulheres como parceiras de fato, sem impor limites.
A responsabilidade compartilhada é um bom começo
para esse intercâmbio onde o marido ajudaria a aliviar o peso
que recai sobre os ombros de sua companheira, por esta razão e
para o bem de um relacionamento mais sustentável e feliz, seria
bom que o homem tomasse a iniciativa de dividir as
responsabilidades domésticas com a mulher, tornando os afazeres
do cotidiano feminino uma tarefa em que ambos possam executar.
Se formos educados adequadamente desde criança
para respeitarmos as diferenças, certamente iremos ter reflexos
positivos no futuro, fazendo com que aceitemos com mais
naturalidade qualquer mudança e se conseguirmos criar um
ambiente de cooperação homem/mulher em nossos lares, podemos
ajudar os nossos filhos nessa compreensão.
Apesar da
Lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006,
conhecida como Lei Maria da Penha
ter trazido alguma luz para erradicar a violência e a
discriminação contra a mulher, há ainda muitos casos de
violência acontecendo, demonstrando que esse tema é prioritário
e muito precisa ser feito para acabar de vez com esse mal.
Embora estejamos atrasados em relação ao reconhecimento dos
valores da mulher, e ter sido necessário criar uma lei
específica para protegê-las, é inegável perceber que alguns
avanços estejam ocorrendo. Temos que caminhar muito para que a
equivalência de direitos garantida legalmente, seja também
reconhecida na sua forma moral, para isso, devemos trabalhar a
educação e a consciência. Até onde a mulher pode chegar?
Sinceramente ninguém tem essa resposta, mas se eu pudesse
apostar em alguma coisa, eu diria que o céu é o limite. |